sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Sobre a Prática de Yoga - Parte 2

Quando se fala em Yoga logo vem à mente as posturas físicas (ou ásanas) com nomes de animais e aparentemente impossíveis de serem realizadas! Na verdade a prática das posturas é apenas um dos passos desse caminho e servem como forma de preparação do corpo e da mente para etapas mais avançadas ou sutis. Essa preparação permite permanecer confortável para a meditação, com a coluna ereta, ampla capacidade respiratória e a mente focada.
Mas a prática de ásanas vai além! Ela pode ser por si só uma forma de meditação. Durante a permanência é possível observar as diferentes reações e aprender com elas. Desde a aceleração da respiração à menor exigência do corpo, ao medo envolvido nas posturas que exigem equilíbrio,à frustração em não realizar a postura como idealizada. Todas essas reações devem ser observadas sem envolvimento e servem muito para aprendermos sobre como nos posicionamos frente às situações do dia a dia, geralmente reagindo de forma automática e sem discernimento.

   
O yoga envolve nossa capacidade de agir e não apenas reagir ao que acontece. Todas reações tendem a ser automáticas e por isso envolvem padrões já desenvolvidos e arraigados que foram sendo criados por imposições (sociais,culturais, familiares) ou por vivências semelhantes.
Os sábios indianos chamam essa forma de samskaras, que são impressões de cada acontecimento em nosso corpo físico, energético e mental. Eles fazem uma analogia aos LPs ( ou disco de vinil...ainda sou dessa época!) onde a agulha que faz a música tocar fica muito perto do sulco mais profundo que separa as faixas. Qualquer movimento no aparelho faz com que a agulha caia nesse sulco, mesmo que a música ainda não tenha terminado. O samskara é isso, quando a situação surge e reagimos, "caímos" nesse sulco, nessa impressão profunda, e acabamos por fortalecê-la, aprofundá-la ainda mais. Não quer dizer que todas nossas reações são ações prejudiciais, mas podem ser e por isso a importância de se estar presente,ter discernimento e agir com consciência sobre o que realmente é válido e verdadeiro para você, não para os outros. 
Analisar a nossa conduta segundo padrões sociais, culturais e até mesmo familiares não é simples, mas é possível e permite libertar-se de comportamentos nocivos e reações automáticas e inconscientes. A prática de yoga proporciona isso, uma forma de ver e viver a partir de uma realidade interna, própria e verdadeira.




Milena Fávero
Instrutora de Yoga